
Não é muito diferente do que acontece
com outras atividades que preenchem o nosso quotidiano, como comer ou fazer
exercício físico. Comer pode ser um prazer, para quem desde cedo aprendeu a
distinguir o sabor dos alimentos; fazer exercício físico também pode ser um
prazer, para quem cresceu a fazer cambalhotas e pinos, a jogar à bola e a
correr atrás dos amigos. É certo que todas estas atividades, sendo à partida
naturais, implicam depois uma decisão e uma prática. No caso da leitura, essa
decisão e essa prática dependem, muitas vezes, de quem nos rodeia: das
famílias, dos amigos, dos professores... Se quem nos rodeia tiver a capacidade
de nos contaminar com boas leituras, leituras que alimentem a nossa curiosidade
e estimulem a nossa imaginação, de certeza que cresceremos leitores.
É também esse o momento em que se torna
fundamental o papel do Plano Nacional de Leitura, fornecendo coordenadas para
que a leitura se torne um prazer, isto é, sugerindo livros capazes de
entusiasmar não apenas os que já são leitores, como aqueles que ainda não são.
Funciona como um mapa, útil em qualquer viagem, sobretudo em viagens por
territórios desconhecidos, e pode ser usado para orientar leitores de todas as
gerações. Assim como para dar pistas para que as famílias e os professores
saibam o que partilhar com os leitores mais novos, e até entre si.
Essa troca — de professores com alunos,
de famílias com professores, de pais com filhos — é essencial para formar
leitores e para, no meio das dezenas de livros que são diariamente publicados
em Portugal, distinguir os melhores. Só deste modo será possível criar uma rede
em que os livros, escolhidos por especialistas, possam circular pelas mãos dos
leitores, os que já o são e os que se tornarão. A leitura implica essa prática.
E essa conquista.
Teresa Calçada, Comissária do Plano
Nacional de Leitura 2027
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